— Das anotações do Autor
William Segal olha para o mundo exterior e nos conduz para o interior de William Segal, o homem “A harmonia de seus espaços
“Esse livro é uma bênção. William Segal combinou de forma artística seus escritos mais importantes e colocou-os sob um mesmo teto. Não há nada tão poético quanto a busca de um homem por seu significado no mundo, nada tão generoso quanto compartilhar suas descobertas. William Segal realizou aqui ambas as coisas, e suavemente desafia seus leitores a pedirem a si o melhor de si mesmos. — Ken Burns “Como todo pensamento verdadeiramente original, a visão de William Segal é tão nova quanto é antiga e atemporal; tão unicamente individual quanto é universalmente humana. Quando realmente ouvimos a voz que fala nesse livro, também ouvimos a voz do nosso próprio Eu.” — Jacob Needleman “A arte de abrir-se de William Segal nos mostra a grande coragem de uma vida devotada à liberdade, sensibilidade e humor. Adentrar o portal de sua visão é em si uma constante abertura para todos os confinamentos da aparência, até mesmo para a dualidade entre luz e escuridão dentro do espaço da libertação no qual as coisas são auto-esclarecedoras, onde o universo responde afetuosamente ao seu eu iluminado na sua abertura e inocência.” — Robert Thurman William Segal escolheu suas palavras, uma a uma. Ele as reuniu pacientemente, atento ao seu conteúdo, aos seus múltiplos significados, à sua energia fina, e às suas sutilezas. Agora, ele se encontra no mercado, sua viagem terminada, vindo em nossa direção, com as mãos abertas, estas mãos sempre generosas, que ajudaram as árvores a florescer. Ele se abre para nós, compartilha aquilo que sabe, aquilo que percebe, aquilo que ele descobriu dentro de si mesmo, no seu silêncio; na sua unidade de corpo e mente. Ele vai para o âmago, para aquele “Grund” evocado por Mestre Eckhart. Um verdadeiro tesouro está espalhado à nossa frente, à nossa volta. No decorrer da longa viagem, e durante o intervalo e o exercício do “stop”, ele coletou, reuniu. Agora, ele doa. — Georges Duby (1920 - 1979) ABRINDO A PORTA Todos trazemos conosco uma pergunta: Por que estou vivo? No âmago do nosso ser, todos temos de confrontá-la. Essas questões vêem à tona quando experimentamos os movimentos de oscilação entre os momentos de alegria e de desespero. Um homem aceita, freqüentemente com paciência e resistência heróicas, suportar o sofrimento não só necessário mas também o evitável. Quando ele está contra a parede, busca uma saída. Por outro lado, cercado de prazeres, ele pode indagar: “O que é a realidade? Existe algo mais? Isto é tudo?”. Um homem vive sua vida mais intensamente nos momentos de dolorosa contração e expansão. Nesses momentos ele sente a diferença entre estar presente e estar aprisionado. Caso se mantenha aberto à questão, ele se dirigirá para o que acredita ser uma direção mais fecunda. Muitos caminhos se apresentam: a arte, os estudos, talvez mesmo as drogas — outras buscas. Ele pode não encontrar uma resposta a sua questão fundamental, mas sente que uma realidade lhe escapa, talvez sinta até que algo dentro de si mesmo pode mudar sua existência. Talvez, ao ouvir um fragmento de música, ele experimente um sentimento fugaz, ou fique comovido por uma palavra, pela natureza. Talvez surja um lampejo no meio do amor, da tristeza, ou da alegria — um momento de ah...! existe algo aqui, estranho, maravilhoso. Nesse instante, uma porta se abre. Ele pode ir adiante, ou não. Há grandes chances de que a força de gravidade venha a fechar a porta. Então ele ficará excluído dessa possibilidade sempre presente. De volta ao seu escritório, ou lugar de trabalho, às férias, à família, aos momentos bons e maus, ganhando e gastando. Talvez nunca mais a porta se abra de novo — ou será que sim? • • • Há um silêncio com o qual posso me relacionar. Minha mente e meu corpo precisam desse silêncio para se unirem. Tento abrir, deixo meu corpo descontrair-se para se libertar. Sou paciente. Posso soltar mais. Deixo minha atenção relacionar-se com diferentes partes. O lado direito, o lado esquerdo. Vejo a relação da atenção com a respiração, equilíbrio. • • •
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